quinta-feira, novembro 05, 2015

O poder da música no contexto clínico

A música, de acordo com estudos do Centro Reichiano, é uma experiência universal que permite que tudo seja compartilhado e serve como antídoto curativo e saudável para tensões e desarmonias, por isso, é uma ferramenta eficiente no contexto clínico.

Atuações como as do Hospitalhaços contam com atividades variadas e, muitas delas têm como “estrela” a musicalidade. A música é capaz não só de divertir, mas também é uma ferramenta importante na formação de personalidade. Daí, nasce a Musicoterapia, um recurso que vem consolidando presença nos hospitais nos últimos cinco anos e mostrando resultados positivos. A atividade se dá pela utilização de canções e sons em uma relação psicoterapêutica, essas são linguagens estimulantes, capazes de encorajar, animar e conquistar o ouvinte.

Rachel Puron é palhaça há dois anos e meio e começou a utilizar a música em suas atuações depois que uma colega descobriu seu dom para cantar. Para a estudante, é uma ferramenta que tem o poder de interiorizar os sentimentos mais singelos, fazendo com que lembranças sejam resgatadas e facilitando o esquecimento das angústias. Segundo ela, o recurso também proporciona momentos que facilitam a comunicação e a interação entre paciente, equipe médica e os palhaços. Rachel disse que a musicalidade leva aos pacientes alegria e motivação. “É nítida a forma como uma canção é capaz de mudar o ambiente. Ás vezes, não são necessários aplausos e gargalhadas, o olhar nos diz muito e só ele se faz necessário”, explica. 

Leonardo Beck é integrante da ONG Hospitalhaços desde 2012 e sempre usou a música nas suas atuações. Para Beck, é um recurso interessante e eficiente para o ambiente clínico. “Os pacientes reagem muito bem. Quando não querem o som, falam, quando querem, pedem (e muito) e quando não estão no clima de escolher algo, ficam felizes apenas com o toque do instrumento”, conta. 

Mesmo atuando há três anos, Leonardo Beck ainda se emociona com uma situação proporcionada pela música: “Um paciente, acompanhado de um amigo e da namorada, me pareceu bastante o cantor Gusttavo Lima. Com medo de desagradá-lo, não comentei sobre a semelhança, visto que não sabia seu gosto musical. Porém, seu amigo brincou chamando-o de Gusttavo Lima e pedindo uma música. Isso foi algo que abriu um espaço enorme para as brincadeiras. Comecei a tocar algumas músicas do cantor, mas o paciente não cantava. Eu disse para cantar e ele respondeu que metade de seu rosto estava paralisado. Na hora retruquei:‘Você vai perder todo o cachê por causa da metade do rosto?’. Imediatamente, ele começou a cantar, mexendo só parte da boca e sorrindo muito, ao mesmo tempo.
Senti o esforço que ele estava fazendo para participar daquele momento. Senti o ânimo que minha música carregou até ele, levando-o a cantar, mesmo sem (quase) poder”, conta. 

A voluntária Rachel Puron também se lembra de atuações cuja estrela principal foi a música e disse acreditar que a musicalidade aquieta e traz paz aos corações e, por isso, todo silêncio se perde em notas que soam o amor.  



Giulia Bucheroni
Voluntária da Equipe de Comunicação da ONG Hospitalhaços

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Associação Mineira do AVC - amavc.com.br


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