quinta-feira, agosto 27, 2015

Entrevista: “O palhaço e o seu repertório” por Adelvane Néia

Olhar para si mesmo e se mostrar para o outro sem medo. Essa é uma das técnicas que Adevalne Néia ensina aos voluntários nos módulos de treinamentos da ONG Hospitalhaços. 

Desde 1989, a atriz tem contato com o universo clown e foi nessa época que encontrou dentro de si a palhaça Margarida. Ela é mais uma das convidadas do 1º Congresso de Palhaços Humanitários e ministrará a oficina “O palhaço e seu repertório”. Nesta entrevista, ela revela um pouco da sua história como atriz e os ensinamentos que passa aos alunos que desejam encontrar o seu palhaço interior. Confira!

Como surgiu a palhaça Margarida?

A palhaça Margarida surgiu em uma iniciação na linguagem em um retiro de 12 dias de trabalho, na Fazenda Vale Formoso, em Louveira (1989). Esse retiro era realizado pelo Lume Teatro, na batuta do Monsieur Luis Otávio Burnier, uma experiência inesquecível, mágica e um divisor de águas em minha trajetória como atriz. Nessa época, eu não tinha familiaridade com o universo do clown e muito menos imaginava tornar-me uma palhaça. Foi pelo convite do amigo e ator Carlos Simioni, que integrante do grupo e também candidato à paspalho, que este novo horizonte me foi revelado. 

Quais os principais ensinamentos que passa aos seus alunos para que eles encontrem o palhaço de cada um?

Em primeiro lugar, trabalho a escuta de si e do outro, os aprendizes chegam com muita ansiedade e isso costuma atrapalhar o processo. Outro ponto é tentar aguçar os sentidos e os encorajar a se mostrar para o outro, sem medo. Procuro ensiná-los a fazer uma coisa de cada vez, proponho jogos simples e aponto caminhos para a percepção do seu corpo, aprender a lidar com ele e os convido a entrar em contato com as dificuldades e tentar superá-las. Isso parece pouco, mas para mim esses pontos são a base para a construção da figura do palhaço.

Tecnicamente, existem diferenças entre o ator palhaço e o palhaço humanitário. Durante a formação, como isso deve ser desenvolvido?

Não costumo fazer distinção, a técnica que costumo aplicar é a mesma para ambos.  No meu entendimento, o palhaço já é em si um humanizador.

Qual o maior desafio ao formar um palhaço?

É ter o entendimento de cada voluntário em sala de trabalho e em tão pouco tempo. É conseguir captar a essência de cada um para que eu possa apontar caminhos. Ainda não trabalhamos com o ideal, a periodicidade de cada turma é pequena, meu desafio é encontrar uma metodologia coerente e eficaz.

Você apresentará a oficina “O palhaço e o seu repertório” no Congresso de Palhaços Humanitários.  Por favor, fale brevemente sobre o assunto.

Será uma assessoria com técnicas aplicadas em meus cursos e oficinas. São técnicas na construção de um repertório pessoal e jogos de improvisação.

Você participa e auxilia nos treinamentos para palhaços na ONG Hospitalhaços. Como desenvolve o seu trabalho na organização?

Desenvolvo em dois módulos distintos nos finais de semana. O trabalho é prático e tem o objetivo de dar ferramentas para a atuação de cada um nos hospitais. Procuro fazer com que eles entendam que a construção da figura do palhaço deve ser a partir de si e, o mais sincero e verdadeiro possível, sem medo de ser e estar diante do outro. 







Quer conhecer um pouco mais do trabalho da Adelvane Néia? Clique aqui

Sobre o Congresso

A ONG Hospitalhaços realiza em setembro o 1º Congresso de Palhaços Humanitários, em Campinas (SP). O objetivo é promover um encontro que reúna diversos grupos que já trabalham com a humanização hospitalar por meio da figura do palhaço ou que pretendem formar um grupo.
A programação inclui oficinas, palestras, grupos de discussão, cabaret e baile de palhaços!

Para se inscrever e conhecer a programação completa, clique aqui.

Luciana Pansani
Jornalista da Equipe de Comunicação da ONG Hospitalhaços

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