domingo, maio 10, 2015

Dia das Mães

Hoje resolvi fazer uma coisa diferente:
Ao invés de escrever coisas bonitas, citar Clarice Lispector, Drummond ou tantos outros poetas, ou até generalizar as felicitações, decidi que iria contar pra vocês o que o Dia das Mães significa pra mim.
É fácil falar as inúmeras coisas que uma mãe faz ou já fez pela gente, ou tudo o que ela já passou por nossa causa (e olha que são inúmeras coisas mesmo! Imagina quanto tempo eu ia ficar aqui escrevendo? haha). Mas já pensou em valorizar isso no dia a dia, no momento em que essas ações são feitas? (Sim, isso inclui todas as vezes que ela foi nas reuniões de pais na escola, toda vez que mandou você arrumar o seu quarto, ou pedir desculpas pro seu irmão por um comentário infeliz).
Eu tenho uma mãe. Sempre tive. E eu sei que a gente sempre tem mania de achar que a melhor mãe do mundo é a nossa, mas a minha é REALMENTE a melhor! Apesar de às vezes ter me desentendido com ela por motivos idiotas, ter me estressado com ela (ou, mais frequentemente, ela ter se estressado com algo aleatório que aconteceu no dia dela e descontado em mim), o que permanece são as coisas boas - e a força de vontade; eu procurei ser uma boa filha, e nunca dar muito trabalho pra ela também. 
Tenho 21 anos, e sou portadora de Lúpus desde os 13. Eu sempre amei a minha mãe mais do que tudo na minha vida, mas esse acontecimento em especial me fez intensificar o significado da palavra "Mãe". Com 13 anos você está no meio da puberdade, em plena adolescência, é rebelde por causas insignificantes e não quer respeitar as coisas que a vida te impõe quando você não tem vontade. Eu me sentia exatamente assim: tinha crises, tomava mais remédios que as pessoas normais da minha idade, saía menos, meus pais me protegiam mais (quando a gente na verdade quer começar a sair e abrir as asas), e tudo era "mais", quando eu queria que fosse "menos". 
E é aí que a minha mãe entra: cuidava de mim em cada segundo - fosse perguntando se eu estava bem, se precisava de alguma coisa, ou me levando pro hospital quando eu precisava. Me cortava o coração cada vez que eu via minha mãe dormindo encostada numa parede gelada de hospital só pra me fazer companhia, ou quando eu acordava e me deparava com ela rezando baixinho pra que eu ficasse bem. E quando eu melhorava, ela estava lá também. E quando eu melhorava, era por mim e por ela. Sempre foi.
Mas é claro que não quero que você que está lendo fique com dó de mim, até porque isso faz tempo! Não tenho crises de Lúpus há pelo menos 5 anos, e desde então, conquistei aquela independência que eu queria. "Criei juízo", como a minha mãe gosta de dizer: me formei na escola, fiz 18 anos, entrei pra faculdade de Jornalismo (e estou quase me formando também!), participei de alguns programas e congressos internacionais e comecei a viajar bastante - venho trilhando meu caminho com responsabilidade (tomo meus remédios direitinho, vou ao médico, e agora saio, às vezes até mais que uma pessoa normal da minha idade haha). Mas a minha mãe continua a mesma: boazinha, sempre lá por mim - sempre perguntando se estou bem, se preciso de algo, o que estou fazendo, como vai a faculdade, o estágio, se tenho namorado e ela não sabe...haha.
Recentemente, eu fui pega pela dengue. E com isso eu vi aquela mãe novamente, a minha mãe dos 13 anos, tão empenhada em cuidar de mim. Melhorei da dengue em 7 dias, mas nesse meio-tempo eu me lembrei do quanto era importante pra mim valorizar aquele cuidado que ela tinha comigo, aquela afeição, e aquele "vai ficar tudo bem" de sempre. É por isso que eu faço questão de dar um abraço e dizer que a amo todos os dias.
Até porque, você pensa que ela é assim só nos dias ruins? Se enganou. Nos bons momentos ela é ainda melhor! Me lembro que, no ano passado, quando fiz a minha primeira viagem internacional para representar o Brasil num congresso na Austrália, fiquei com receio de contar, porque ela com certeza iria ficar SUPER preocupada (como qualquer mãe). Mas ela exalou felicidade, e soltou um sonoro "Parabéns! Tenho muito orgulho de você, filha". Aquilo ficou guardado em mim, e eu me lembrei que quando minha mãe está feliz, eu fico mais feliz ainda! 
Por isso, eu tento valorizar esse anjo que Deus me deu cada santo dia. Claro que no Dia das Mães eu cumpri o protocolo e dei presentes, flores e um almoço especial. Mas durante a semana, eu prefiro presenteá-la com um abraço, um beijo no rosto, um "como foi o seu dia?", uma boa conversa, um sorriso, uma piada e uma boa dose de atenção. Prefiro aproveitar o presente que é ter uma mãe como ela. Claro que sou sempre grata pela família e pelos amigos maravilhosos que tenho, mas a minha mãe é realmente um ser excepcional, e eu não vivo sem ela.
Feliz Dia das Mães para todas as mães do Brasil, para as que dedicaram um tempo lendo este texto, para as madrastas, para as mães que viajam muito, para as mães loucas, as conservadoras, para os pais, avôs e avós que fazem papel de mãe, e para as inúmeras famílias adotivas (ou amigos e conhecidos que acabam adotando como família).

Sinceramente,
Fernanda Lagoeiro.


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